Bem-Aventurado Miguel Rua

Festa: 29 de outubro

Miguel Rua

País: Itália

Festa: 29 de outubro

Nasceu no dia: 09/06/1837

Faleceu em: 06/04/1910

Certo dia Dom Bosco confidenciou ao P. Costamagna: “Se Deus me dissesse: prepara-te para morrer, mas escolhe um sucessor, pois não quero que cesse o teu trabalho; para ele pede tantas graças, virtudes, dons e carismas o quanto achares necessário, e eu concederei tudo; asseguro-te, caro Costamagna, que não saberia o que pedir, pois já vejo tudo no P. Rua”. Miguel Rua nasceu em Turim no dia 9 de junho de 1837, no bairro popular de Borgo Dora; seu pai trabalhava no arsenal e a família vivia na fábrica. Em poucos anos, sua mãe foi deixada sozinha com dois filhos. Depois de perder o pai, os olhos de Miguelzinho paravam frequentemente para observar os operários no trabalho em frente aos fornos quentíssimos onde eram fundidas as peças de artilharia. Era uma espécie de quartel onde o menino frequentou as duas primeiras séries. Fez a terceira série com os Irmãos das Escolas Cristãs, chamados ao Borgo anos antes pelo Marquês Tancredi di Barolo para educar os filhos do povo. Foi nos bancos da escola que ele conheceu Dom Bosco, que intuiu algo especial nos olhos do garoto. Estendendo sua mão, como estava acostumado a fazer com muitos meninos, ele lhe disse: “Nós dois faremos tudo meio a meio”. Essas palavras ficaram impressas no coração de Miguel e a partir daquele dia ele o tomou como seu confessor. A terceira série era a última obrigatória e, quando o “santo dos jovens” lhe perguntou o que iria fazer no ano seguinte, ele respondeu que, sendo órfão, tinham prometido a sua mãe que lhe dariam um emprego na fábrica. Para o sacerdote, que também ficou sem pai muito cedo, convencer aquela mulher a deixar o filho continuar os estudos não foi difícil e Miguel entrou em Valdocco como interno, já “povoado” por mais de quinhentos meninos. Naquele ambiente, a vocação sacerdotal nasceu em seu coração e, em 3 de outubro de 1852, nos Becchi de Castelnuovo, ele recebeu o hábito clerical das mãos de Dom Bosco. O ano seguinte foi especial porque se celebrava o 4º centenário do Milagre Eucarístico. Dom Bosco tinha escrito um livreto para a ocasião e um dia, enquanto caminhavam juntos pelas ruas de Turim, disse brincando ao jovem que, cinquenta anos depois, ele o faria reimprimir.

29 de outubro – Bem-Aventurado Miguel Rua

 

Certo dia Dom Bosco confidenciou ao P. Costamagna: “Se Deus me dissesse: prepara-te para morrer, mas escolhe um sucessor, pois não quero que cesse o teu trabalho; para ele pede tantas graças, virtudes, dons e carismas o quanto achares necessário, e eu concederei tudo; asseguro-te, caro Costamagna, que não saberia o que pedir, pois já vejo tudo no P. Rua”.

Miguel Rua nasceu em Turim no dia 9 de junho de 1837, no bairro popular de Borgo Dora; seu pai trabalhava no arsenal e a família vivia na fábrica. Em poucos anos, sua mãe foi deixada sozinha com dois filhos. Depois de perder o pai, os olhos de Miguelzinho paravam frequentemente para observar os operários no trabalho em frente aos fornos quentíssimos onde eram fundidas as peças de artilharia. Era uma espécie de quartel onde o menino frequentou as duas primeiras séries. Fez a terceira série com os Irmãos das Escolas Cristãs, chamados ao Borgo anos antes pelo Marquês Tancredi di Barolo para educar os filhos do povo.

Foi nos bancos da escola que ele conheceu Dom Bosco, que intuiu algo especial nos olhos do garoto. Estendendo sua mão, como estava acostumado a fazer com muitos meninos, ele lhe disse: “Nós dois faremos tudo meio a meio”. Essas palavras ficaram impressas no coração de Miguel e a partir daquele dia ele o tomou como seu confessor. A terceira série era a última obrigatória e, quando o “santo dos jovens” lhe perguntou o que iria fazer no ano seguinte, ele respondeu que, sendo órfão, tinham prometido a sua mãe que lhe dariam um emprego na fábrica. Para o sacerdote, que também ficou sem pai muito cedo, convencer aquela mulher a deixar o filho continuar os estudos não foi difícil e Miguel entrou em Valdocco como interno, já “povoado” por mais de quinhentos meninos. Naquele ambiente, a vocação sacerdotal nasceu em seu coração e, em 3 de outubro de 1852, nos Becchi de Castelnuovo, ele recebeu o hábito clerical das mãos de Dom Bosco. O ano seguinte foi especial porque se celebrava o 4º centenário do Milagre Eucarístico. Dom Bosco tinha escrito um livreto para a ocasião e um dia, enquanto caminhavam juntos pelas ruas de Turim, disse brincando ao jovem que, cinquenta anos depois, ele o faria reimprimir.

Em 26 de janeiro de 1854, Dom Bosco reuniu quatro jovens companheiros em seu quarto, dando vida, talvez involuntariamente, à Congregação Salesiana. Na reunião estavam presentes João Cagliero e Miguel Rua, que foi encarregado de redigir a “ata”. Amigos inseparáveis, estavam entre os mais bem-dispostos quando, em agosto, uma epidemia de cólera eclodiu na cidade, provavelmente trazida por veteranos da guerra da Crimeia. Nos bairros mais pobres, os dois ajudaram generosamente os doentes e Cagliero ficou gravemente enfermo. Membro da Companhia da Imaculada com Domingos Sávio, Rua foi um aluno exemplar, um apóstolo entre seus companheiros. Em 25 de março de 1855, nos aposentos de Dom Bosco, Miguel fez sua “profissão” simples; ele era o primeiro Salesiano.

Em Valdocco havia oficinas de sapataria, alfaiataria e encadernação. Muitos garotos viram suas vidas mudarem. Alguns puderam estudar, outros se reuniam nelas à noite depois do trabalho, outros somente aos domingos. Miguel tornou-se o principal colaborador de Dom Bosco, apesar de sua pouca idade. Ganhou a sua plena confiança, ajudando-o até mesmo a transcrever os rascunhos de seus livros, muitas vezes à noite, roubando horas do sono. Durante o dia, ia ao oratório de São Luís, pelos lados de Porta Nuova, uma zona cheia de imigrantes. Mais marginalizados eram os meninos que iam dos vales para a cidade em busca de trabalho como limpadores de chaminés. Rua, fazendo catecismo e ensinando noções de escolas primárias, conhecia inúmeras histórias de miséria.

O oratório também foi frequentado por São Leonardo Murialdo e pelo Beato Francisco Faà di Bruno. Em novembro de 1856, quando Margarida Occhiena, mãe de Dom Bosco, morreu, Miguel chamou a sua mãe para cuidar dos jovens de Valdocco. A senhora Joana Maria faria isso durante vinte anos, até sua morte. Frequentar o seminário, naquela época, por causa das leis anticlericais, não era fácil, mas apesar disso o jovem o fez com proveito e, de fato, muitos companheiros estudaram pelas suas anotações.

Em fevereiro de 1858 Dom Bosco escreveu as Regras da Congregação e o “secretário de confiança” passou muitas noites copiando a sua caligrafia indecifrável. Juntos as levaram a Roma para a aprovação do Papa Pio IX, que as corrigiu de próprio punho. Miguel teve que copiá-las de novo, à noite, enquanto durante o dia era a sombra do fundador, empenhado em acompanhá-lo nos encontros com vários dignitários. No ano seguinte, o Papa oficializou a Congregação Salesiana.

Na noite de 18 de dezembro de 1859, data do nascimento da Congregação, o P. Rua, ordenado subdiácono na véspera, foi eleito por unanimidade Diretor Espiritual. Em 29 de julho de 1860, Miguel Rua foi ordenado sacerdote. No altar da primeira missa havia flores brancas doadas pelos limpadores de chaminés do Oratório de São Luís. Três anos depois foi enviado para abrir a primeira casa salesiana fora de Turim: um pequeno seminário em Mirabello Monferrato. Ficou ali por dois anos e voltou à cidade quando se construía em Valdocco a Basílica de Maria Auxiliadora.

Padre Rua tornou-se o ponto de referência para muitas atividades, até mesmo respondendo cartas dirigidas a Don Bosco. Trabalhava incessantemente e em julho de 1868 chegou às portas da morte por peritonite. Os médicos pensavam que estava morrendo, mas ele se recuperou, dizem alguns, pela intercessão de Dom Bosco. Várias vocações religiosas nasceram entre os setecentos meninos do oratório. Naquele ano foram concluídas as obras do santuário; em 1872 as primeiras Filhas de Maria Auxiliadora fizeram sua profissão religiosa; em 1875 os primeiros missionários partiram para a Argentina liderados pelo P. Cagliero.

Surgiram, em seguida, os Cooperadores e o Boletim Salesiano. Valdocco havia alcançado enormes proporções, enquanto em Roma o Papa Leão XIII pedia à Congregação para construir a Basílica do Sagrado Coração. Dom Bosco viajava frequentemente para a França e Espanha, em busca de recursos para suas obras, e o P. Rua estava ao seu lado. Em 1884 a saúde do fundador declinou e foi o próprio Papa quem sugeriu que ele pensasse em um sucessor. O P. Rua em 7 de novembro foi nomeado pelo papa vigário com direito de sucessão. Na noite entre 30 e 31 de janeiro de 1888, na presença de muitos sacerdotes, ele acompanhou a mão de Dom Bosco para dar a última bênção. Depois, ficou ajoelhado diante do seu corpo por mais de duas horas.

Tornando-se Reitor-Mor da Sociedade Salesiana e o primeiro sucessor de Dom Bosco, P. Rua foi seu fiel intérprete, realizador, consolidador e continuador do carisma em todas as suas dimensões, com um objetivo muito claro desde o início de seu mandato: “Outro pensamento que ficou fixo em minha mente foi que devemos nos considerar muito afortunados por sermos filhos de tal Pai. Por isso, a nossa preocupação deve ser apoiar e, no devido tempo, desenvolver sempre mais as obras que ele iniciou, seguir fielmente os métodos que ele praticou e ensinou, e em nossa maneira de falar e agir tentar imitar o modelo que o Senhor, em sua bondade, nos deu nele. Este, queridos filhos, será o programa que seguirei em meu cargo; que este seja também o objetivo e o estudo de cada um dos Salesianos”.

O governo do P. Rua é sobretudo carismático e exemplar: o próprio P. Rua é uma pessoa carismática e exemplar, ou seja, governa com o bom exemplo, sendo verdadeiro modelo. Não se projeta, mas projeta Dom Bosco e o seu carisma sempre e em toda parte: perante seus Salesianos, perante a Igreja e a sociedade civil. Por isso, pode-se dizer que enquanto governa com inteligência, seu governo é ainda mais fortalecido pela santidade e qualidade moral da sua pessoa.

Frutos da sua animação e governo foram: a expansão das fundações salesianas, muitas vezes abertas com pobreza de meios e escassez de pessoal e em muitos lugares tendo que enfrentar situações muito difíceis; as expedições missionárias enviadas para apoiar e levar ao pleno desenvolvimento as obras já abertas e experimentar outras novas, particularmente entre os povos ainda não evangelizados. Durante seus 22 anos de governo o P. Rua aumentou o número de fundações salesianas: de 64 casas presentes à morte de Dom Bosco, chega-se a 341 casas em 1910, ano da sua morte.

Outro fruto desta ação abençoada pelo alto e sustentada pelo trabalho incansável é o crescimento das vocações. A insistência constante do P. Rua no cultivo das vocações fez das casas salesianas uma escola de formação cristã, lembrando muitas vezes aos salesianos o núcleo da sua vocação, do seu carisma: o amor transbordante de Deus que se transforma em amor ao próximo. Para o P. Rua a excelência de qualquer obra salesiana consiste em sua capacidade de promover vocações, e isso é um sinal de fidelidade ao carisma de Dom Bosco, além de ser um sinal da fecundidade do sistema pastoral e pedagógico salesiano. À morte de Dom Bosco os salesianos eram 768; quando morre o P. Rua, eram 4.001 salesianos professos e 371 noviços. O trabalho de promoção vocacional foi acompanhado por uma ação de estabilização dos processos de formação, com a criação de centros de formação: noviciados e estudantados filosóficos e teológicos.

Essa obra de governo e animação encontrou sua fonte na fidelidade a Dom Bosco e seu carisma, através da mediação das Constituições e dos Regulamentos, da experiência vivida de vida comunitária salesiana, do contato direto com seus escritos no original ou em tradução, e do contato próximo com aqueles que viveram ao seu lado. O P. Rua está convencido de que insistir com os salesianos em viver em estreita comunhão com a pessoa e figura de Dom Bosco é uma forma segura de superar o individualismo, o isolamento e as tendências liberais visíveis na sociedade externa, de fortalecer um forte sentimento de pertença à Congregação e de criar comunidades salesianas orantes, harmoniosas, fraternas e apostólicas, unidas sob a direção e firmemente ligadas ao Inspetor, ao Reitor-Mor e ao Capítulo Superior.

O P. Rua foi um missionário incansável, um intérprete fiel do sistema educativo preventivo. Viajando centenas de quilômetros, ele visitou as casas da Congregação ao redor do mundo, coordenando-as como uma grande família. Dizia que suas viagens o faziam ver “pobreza em toda parte”. De fato, a primeira grande industrialização fez com que os camponeses abandonassem suas terras por um magro salário ganho na fábrica após intermináveis dias de trabalho. Os Salesianos tiraram muitas crianças das ruas, abrindo oratórios e escolas que, apesar da sua simplicidade, rapidamente se tornaram centros de acolhida e educação. O P. Rua foi um grande inovador no campo da educação: além das escolas, nas quais introduziu cursos profissionalizantes, organizou albergues e círculos sociais. Como responsável pela Congregação, lidou escrupulosamente com assuntos administrativos, levando-o, às vezes, a ser severo com seus colaboradores. Vieram-lhe à mente, muitas vezes, as palavras que Dom Bosco lhe disse quando ainda era um garoto “Terás muito trabalho a fazer”.

Entre muitas satisfações (em 1907 Dom Bosco foi declarado Venerável, em 1908 foi concluída a Igreja romana de Santa Maria Libertadora), certamente não faltaram ao P. Rua provações e dificuldades. Em 1896 o governo anticlerical do Equador expulsou os salesianos do país; o mesmo aconteceu na França em 1902. Em 1907, na Ligúria, em Varazze, algumas calúnias pesadas contra a Congregação precisaram ser respondidas através de canais legais: o plano maçônico desabou e os caluniadores tiveram que fugir para o exterior. Entretanto, a saúde do P. Rua ficou seriamente afetada.

Sob o peso dos anos, foi obrigado ao leito. Morreu na noite entre 5 e 6 de abril de 1910 aos 73 anos, murmurando uma oração ensinada por Dom Bosco quando era menino: “Querida Mãe Virgem Maria, fazei que eu salve a minha alma”. O “segundo pai da Família Salesiana” foi sepultado ao lado de seu mestre. Paulo VI beatificou-o em 29 de outubro de 1972, afirmando: “A Família Salesiana […] teve em Dom Bosco a sua origem, no P. Rua a sua continuidade […]. Ele fez do exemplo do santo uma escola, da sua Regra um espírito, da sua santidade um modelo […]. Padre Rua inaugurou uma tradição […]. “Ele fez da nascente um rio”. Sua sepultura é agora venerada na cripta da Basílica de Maria Auxiliadora em Turim.

Venerável em 26 de junho de 1953, foi beatificado por Paulo VI em 29 de outubro de 1972.

Senhor onipotente e misericordioso, quisestes providencialmente que o Bem-Aventurado Miguel Rua, fosse o mais fiel discípulo de São João Bosco, para imitar seu exemplo, herdar seu espírito e comprometer-se com grande zelo para a salvação dos jovens, fazendo da nascente um grande rio. Concedei-nos imitar a sua fidelidade e dedicação incansável à evangelização. Acompanhai e sustentai o Reitor-Mor e toda a Família Salesiana para que possam sempre ser guias seguros no caminho da vida e concedei-nos as graças necessárias para sermos discípulos fiéis. Nós vos pedimos por intercessão de Maria Auxiliadora que ele amou e honrou com coração de filho. Amém.